Feiras e Arraiais

Feiras e arraiais dão-me dor de cabeça porque:

- Num raio de 100 metros há trinta carrosséis e diversões afins, em competição cerrada para ver quem toca a música mais foleira, mais alto. A agressão dos decibéis deve estar muito além dos limites máximos permitidos por lei.

- Essas mesmas trinta diversões têm, cada uma, alguém que grita a um microfone roufenho "Mais uma voltinha!", "É mais uma viagem!", "Estão a gostar? Querem mais?", "Ora toma!", "Esses bracinhos no ar!", "Essas perninhas a abanar!", e outras coisas do género, todos no mesmo tom de voz, provavelmente aprendido num curso próprio para animadores de carrosséis.

- Nos cem metros contíguos, há trinta barraquinhas de comes e bebes onde o cheiro a farturas, churros, coiratos, bifanas, cachorros, algodão doce, nougat e pipocas se funde numa nuvem que entope o nariz e bloqueia a central olfactiva do cérebro.

- De vinte em vinte metros, há uma tenda que vende CDs, com Quim Barreiros a esganiçar-se para se fazer ouvir por entre a distorção das colunas.

As crianças adoram, claro. E a malta faz os sacrifícios todos por elas. Uma vez só por ano. Enfim, nada que duas aspirinas não resolvam...