Quando já não se sabe o que dizer...

Dizem-se disparates. Desde atribuir uma das culpas dos incêndios à Guerra do Ultramar, a classificar como relativamente restrito o número de mortos em consequência dos mesmos, não há dúvida de que o calor afectou alguns neurónios neste país.

Que ter granadas em casa é perigoso, estamos todos de acordo. Agora dizer que "O Ultramar e a possibilidade de existir armamento antigo é uma das possibilidades das causas destes incêndios de Verão" (Amílcar Theias, Ministro do Ambiente), cheira a desculpa esfarrapada. Afinal, se não me engano, a Guerra do Ultramar já foi há quê, trinta anos??? Muito estranho as granadas terem esperado por 2003 para começarem a rebentar.

Quanto ao número restrito de mortos, o mero bom senso devia ter feito Guilherme Silva (líder parlamentar do PSD) perceber que é coisa que não se diz, nem que seja por respeito à família dos mortos, por mais lógica que a afirmação faça em termos matemáticos.

Cada tiro, cada pardal, cada cavadela, cada minhoca. Convenhamos, há coisas que não se dizem sem pensar um bocadinho. Por causa de uma anedota de mau gosto já houve ministros demitidos. Pelos vistos ninguém aprendeu nada.