Há anos que ninguém me vê de saias. Minto, o ano passado comprei uma, por baixo do joelho, levei-a a um casamento, depois deixou de me servir, agora serve-me outra vez e experimento-a regularmente, para voltar sempre a despi-la sem nunca sair com ela.
Em miúda, teenager inconssssiente, era ao contrário. Saias, mini-saias, saias ínfimas com meias de rede, muito eighties, claro.
Está bem que as pernas envelhecem com o resto do corpo mas, modéstia à parte, vejo pernas muito menos jeitosas do que as minhas à mostra sem complexos em pedaços de tecido reveladores.
O que mudou, afinal, não foi tanto as minhas pernas, mas eu. Ganhei vergonha, é verdade, por incrível que pareça. Dou comigo a dizer coisas como “a partir de uma certa idade” isto ou aquilo fica bem ou fica mal. Tenho um medo terrível de me tornar numa velha gaiteira, de já não ter idade para as coisas e não me aperceber e continuar a usá-las, e toda a gente se rir de mim e eu não dar por isso.
O ridículo, pois. O tal medo do ridículo. Que só temos a partir de uma certa idade. Lá está.
sábado, setembro 27, 2003
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