Tenho visto por aí umas coisas escritas em blogs e na imprensa, e também no metro e na rua, mas estas últimas são pessoas, embora estejam escritas também, mas num sentido mais literal.
Ponho-me nas mãos de todos vós, e submeto-me desde já às críticas e opiniões contrárias.
Sou contra as praxes. Pelo menos, contra as praxes contra quem não quer ser praxado, contra as praxes como obrigação de quem entra na universidade. Contra as praxes como ritual de humilhação. Acho piada, por exemplo, às aulas falsas, e outras coisas do género que, essas sim, visam os caloiros como um todo e pretendem, a brincar, pô-los à vontade numa fase de transição que é sempre complicada. Gosto de praxes que não incidam pessoal e particularmente sobre a pessoa de cada caloiro, mas sim sobre o grupo de novos estudantes como um todo, em que ninguém é obrigado a deixar-se pintar, cagar (desculpem a expressão, mas parece que há sítios onde os esfregam mesmo com merda), despir, ridicularizar e expor de forma humilhante aos olhos de umas dezenas ou centenas de so called veteranos...
Poupem-me a conversa da integração, do dar as boas vindas aos caloiros, do estabelecimento de amizades para a toda a vida. Não é preciso uma pessoa pôr-se de gatas à frente de outra para se fazer uma amizade, acho eu.
Pode haver pessoas que, de facto, sintam as praxes dessa forma e as recebam alegremente. Óptimo para eles. Mas deixem lá os outros em paz. Para muitas pessoas, as praxes e o medo delas levam a que os primeiros dias na universidade sejam encarados com medo e angústia, e não são esses os sentimentos que se devem guardar de uma época de mudança tão marcante.
Já que perguntam, eu baldei-me às aulas na primeira semana de faculdade. Entrei uma semana depois, com um ar falsamente descontraído, procurei as salas como quem sabe perfeitamente para onde vai, e tive a sorte de não repararem em mim. Menos mal. Mesmo assim, preferia ter entrado genuinamente descontraída no primeiro dia sem a sensação de ter de andar a fugir.
Mais tarde, também fui veterana, claro. Também passei tardes no bar a jogar às cartas. Também entrei no espírito académico, até certo ponto. Mas nunca participei nas praxes. Não faças aos outros...
sexta-feira, setembro 26, 2003
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