Não são as palmadas per se que me chocam. Eu também já dei um sopapo na mão ou uma palmada no rabo da minha filha e ela é bem mais pequena. Parece-me apenas que, nestas circunstâncias, seria de esperar mais paciência da parte da mãe, fosse qual fosse a asneira da filha. Aceite-se ou não a decisão do tribunal, defenda-se ou não o regresso da criança ou a entrega à mãe biológica, é preciso ver que, à margem de todas as leis e guerrilhas, a criança foi vítima de uma grande violência súbita, cuja culpa pode ser de toda a gente mas nunca é dela.
De um dia para o outro, viu-se transplantada para o meio de pessoas que nunca viu, numa terra longínqua e estrangeira, com uma mãe que pouco conhece, onde todos falam uma língua que lhe é estranha. Estas coisas podem ser umas culpa dos pais de acolhimento, outras da mãe biológica, não interessa. A verdade é que a menina está certamente em estado de choque, sente-se sozinha e fora do seu ambiente, não compreende provavelmente como nem porquê a sua vida deu uma volta de 180 graus e as suas condições se modificaram de forma tão extrema.
Neste cenário, fosse qual fosse a asneira, peço desculpa, mas a minha opinião é esta: a mãe só tinha era de ter paciência. Tinha a obrigação de tornar a transição o menos dolorosa possível, tinha o dever de não fazer a menina sentir-se malcomportada e mal-educada por ter tido uma educação diferente da que ela lhe daria. Não pode começar a «emendá-la» à palmada dois dias depois de a ter com ela, como se a tivesse criado desde a nascença.
Eu tenho o direito de dar uma palmada na mão da minha filha se ela mexer no forno; a Natalia ainda não tem o direito de dar palmadas à Alexandra por ela fazer uma birra.
1 comentário:
A minha opinião é igual à tua, concordo 100%.
O sofrimento que aquela criança tá a passar, podia ser minimizado.
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