A minha mãe ensinou-me que todas as coisas, mesmo as menos boas, têm sempre um lado positivo, que todas as moedas têm duas faces. E que quando estamos em baixo, se pensarmos bem encontramos sempre razões para ficarmos melhor. Isto não é automático. É um exercício que exige treino. Mas resulta. Daí que seja possível ter saudades de coisas menos boas apesar de estarmos hoje melhor do que estávamos na altura.
Por exemplo. Trabalhei dez anos fora de casa, numa empresa em Lisboa, onde fiz coisas de que gostei muito e coisas de que gostei menos e coisas de que não gostei mesmo nada. Há quatro anos que trabalho em casa, a fazer uma coisa de que gosto mesmo muito. Não enfrento o trânsito, não passo horas nos transportes, não gasto um dinheirão em almoços, e trabalho sozinha que é como gosto de trabalhar. Sinto um bocadinho de falta de um maior convívio, é certo, mas só às vezes, e de uma maneira geral não trocava mesmo que fosse para ganhar mais (a não ser que fosse muuuuuuiiiiittoooo mais).
Mas nesta altura do ano tenho sempre saudades de uma coisa: a sensação de entrar de férias. Não das férias propriamente ditas, que posso agora fazê-las muito mais à minha vontade, reparti-las como me der jeito, sem depender de mapas nem de substitutos, apenas dos meus prazos. Mas da sensação que recordo nos rostos dos amigos que dizem "Estou de férias!", a sensação da primeira segunda-feira em que não temos de acordar cedo, a sensação de não ter obrigações para amanhã.
Por outro lado, não tenho saudades nenhumas da sensação do fim das férias. Enfim, lá estão os dois lados da moeda.
terça-feira, julho 22, 2003
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