segunda-feira, agosto 04, 2003
Masoquismos de Agosto
Aqui, onde no Inverno me ponho junto ao mar em dez minutos, quase chegam até mim no Verão os suspiros de frustração, as imprecações mais ou menos contidas (conforme a presença ou ausência de crianças no carro), as exclamações de indignação, o cheiro a suor, o mau humor e a má disposição das pessoas que se enfiam no carro e enfrentam duas horas de filas para chegar à Costa, e outras duas para de lá sair.
Mas o masoquismo não termina aqui. Depois, some-se às duas horas da viagem mais meia hora para encontrar lugar para estacionar e, a menos que se tenha sorte ou se chegue de madrugada, mais meia hora de caminhada do carro ao areal.
Mas não é tudo. Há que contar também com uma caminhada pela praia até encontrar sítio para montar o estaminé.
Mas depois, finalmente, os veraneantes podem estender-se e torrar sob os raios do sol das duas da tarde, tão salutar. E à vinda, parar na esplanada do bar da praia e dar meio ordenado por uma bebida fresquinha servida quarenta e cinco minutos depois de ser pedida.
Ora aí está um dia bem passado. E ainda me perguntam os amigos de Lisboa, estupefactos, por que razão não vou eu à praia, se estou aqui tão perto.
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