Chego eu ao balcão da charcutaria do supermercado e a rapariga que me atende, depois de eu pedir cem gramas de fiambre, pergunta-me sem pestanejar:
"De qual queres?"
"Ponha-me desse", digo eu, sublinhando o "ponha-me".
Tu para cá, você para lá, chego à caixa e diz-me a empregada:
"Tens direito a um pacote de sumo extra, é uma promoção."
"Aguarde só um segundo enquanto vou buscá-lo", eu, enfâse no "aguarde".
Tu para cá, você para lá, chego a casa e está o carteiro a chegar ao mesmo tempo.
"Hoje tens aqui muita correspondência."
Por acaso, todas estas pessoas tinham pelo menos dez anos a menos do que eu, mas a questão nem é só essa. Então trata-se uma pessoa por tu sem a conhecer de lado nenhum, numa relação profissional que nem sequer é tão antiga que justifique estas familiaridades?
Já me disseram que vou ser uma cota chata e comichosa, mas olhem lá, à vontade não é à vontadinha, pois não???
(curiosamente, na net acho que toda a gente se deve tratar por tu, incongruências que não sei explicar...)
segunda-feira, setembro 22, 2003
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