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domingo, junho 14, 2009

Os pequenos dramas do quotidiano

Pouco depois de eu me mudar para esta casa, abriu um café mesmo por baixo da minha porta. Como viciada em cafeína que sou, melhor não podia ser e acho que devem ter sido muito poucos os dias desde então em que lá não entrei. Inevitavelmente criou-se uma relação de certa forma próxima, não só com o pessoal mas com a vizinhança que o frequentava. Como trabalho em casa, não sou daquelas pessoas que saem de manhã e chegam à noite e não conhecem ninguém onde moram. Eu conheço os vizinhos e o pessoal da rua e gosto de cultivar este tipo de relação quase em desuso.

Depois engravidei e a filha nasceu e tornou-se o «ai jesus» aqui da rua, claro. Aqui no café, as pessoas viram-na crescer todos os dias e ela habituou-se ao sítio e a toda a gente. Muitas vezes, o pessoal do café e as vizinhas foram uma ajuda importante para tomar conta dela 5 minutos enquanto eu vinha pôr as compras ao 4º andar ou punha e tirava o carrinho dela do carro, ou para lhe pegarem enquanto eu bebia a bica ou vinha à rua fumar um cigarrito (isto antes de ela conseguir correr atrás de mim, claro). A filha estava ali como em casa, conhecia os cantos todos, já sabia onde podia e não podia mexer, para que cadeiras podia subir e quais as que não eram seguras; aprendeu ali a subir e a descer escadas, num degrau que havia ao canto onde gostava de se empoleirar e sentar.

Infelizmente, a crise não foi amiga e o café fechou ontem. A mim vai-me fazer falta, mas o que me deixa mesmo triste é pensar como ela vai estranhar. Pois claro que uma criança de ano e meio rapidamente esquece e se adapta e não faltam cafés aqui na zona; havemos de encontrar as mesmas vizinhas noutro sítio qualquer. Mas palavra que fiquei de nó na garganta quando lá passámos hoje e ela não largava as grades fechadas com um ar muito confuso... E como «quem meus filhos beija, minha boca adoça», eu gostava mesmo das pessoas que lá estavam a trabalhar.

Quando penso na quantidade de cafés onde parei e que fecharam ao longo dos anos, sem me aborrecer minimamente, percebo que esta é mais uma daquelas coisas que mudaram com a chegada da filha: não quero que nada abale o seu mundinho feliz, não quero que ela fique triste com nada, não quero que sinta falta de nada nem de ninguém... Por mais que saiba que a vida é assim e ela tem de passar por todas essas coisas, não consigo evitar dar demasiada importância a uma coisa tão pequena como o fecho do café onde costumávamos ir.

1 comentário:

PM disse...

Pois aproveita ao máximo esses momentos, porque num instante vão chegar os outros...aqueles em que lhe imploras que não passe a vida no café...isto se calhar já é hereditário...:-))